terça-feira, 22 de junho de 2010

SÃO JOÃO DA SERRA NEGRA

Eng° Braga*

Recentemente o Distrito de São João da Serra Negra, em Patrocínio, MG, recebeu de presente o interessante livro “São João da Serra Negra – Sua História e Sua Gente”, sobre sua vitoriosa trajetória nos caminhos da história.
Escrito pela culta e competente Profª Geralda Pereira da Silva, nascida na boa terrinha, o livro está muito bem apresentado, de fácil leitura, com uma boa revisão de português feita pela Profª Maria Alcântara, várias fotos coloridas e aspectos bem interessantes sobre o Distrito.
O nome São João foi escolhido em homenagem a São João Batista (primo de Jesus Cristo), pelo Sr. Pedro Magalhães, afilhado do culto e famoso Imperador Democrata Dom Pedro II, certamente um dos maiores brasileiros dos últimos 5 séculos. Por que Serra Negra (e não Serra Verde)? “Segundo o Sr. Rufino Gonçalves Pinheiro, é porque a serra que ladeia São João era coberta por uma vegetação muito densa e com um verde de coloração bem escura”.
O povoado começou a nascer no início da década de 1920 quando os moradores vizinhos ao Rio Espírito Santo ergueram um cruzeiro de madeira no local onde falecera a matriarca Caetana Mestre.
Entre as propriedades dos entorno do povoado a autora cita as seguintes: Faz. do Rufino Pinheiro, Lindolfo Nunes, Teodoro Gonçalves, Maria Nunes, Antônio Pereira, Pedro Nunes, Jacinto Pereira, Honorico Nunes, Graciano Guimarães, Francisco Cardoso e Alci Nunes.
O carro de bois era o transporte da época. “O comércio era feito com Patrocínio, distante a uns 23 km, através do carro de boi ou a cavalo. Levavam porco gordo e traziam açúcar, querosene, tecidos finos e ferramentas para o trabalho na agricultura. Os fazendeiros da região enfrentavam uma grande dificuldade para conseguir o sal para o seu rebanho. Muitos se embrenhavam em viagens longas, de carro de boi até Conquista, no Triângulo Mineiro, onde comercializavam a troca do toucinho de rolo pelo sal”. O primeiro caminhão a rodar na região era de João Emiliano, irmão de Francisco Emiliano.
Sobre o crescimento do povoado, aparece a figura ímpar do Sr. Aristófanes da Silveira (Tufim), homem de visão e mestre na mecânica e eletricidade e também na construção de casas e pontes. O atual projeto da vila é de sua autoria, aprovado pelo Prefeito José Brandão. No mapa atual da vila aparecem homenageados: Pedro Alcântara, Graciano Guimarães, João Nascimento, Antônio Martins, Francelino Nunes, Lindolfo Paula, Marciano Pereira, Garcia Brandão e José Alkimim.
A construção da Igreja de São João teve a seguinte comissão das pessoas mais influentes do lugar: Francisco Emiliano, Graciano Reis, Albino G. Chagas, Tufim, José e Arlindo dos Anjos. A pedra fundamental

foi lançada em 1945 (ano do término da II Guerra Mundial) e terminada em 1946. A antiga capela, começada a construir em 1926, infelizmente foi demolida. O sino da capela (externo) e o cruzeiro foram transferidos para a igreja nova que já foi ampliada.
O primeiro Delegado de Polícia foi o Sr. Marcelino, filho de Maria Salvino.
A ponte de madeira, com quatro esteios sobre o Rio Espírito Santo, foi construída por Francisco Cardoso, quando comprou a fazenda da família Mestre. Uma enchente muito forte a levou deixando os moradores da margem esquerda do Espírito Santo novamente sem acesso ao povoado. Em 1949, o Prefeito João Nascimento destinou uma verba escolhendo o Sr. Tufim para a obra, com esteios suspensos, amarrados em cabos de aço. Apesar de todas as dificuldades a construção ficou um sucesso. Como prêmio o Sr. Tufim também foi escolhido para uma nova ponte sobre o Rio Dourados. Segundo a sorridente self-made ecologist Magda Novaes, de PTC, o povo perguntava – quem construiu esta ponte? Foi o Tufim. Então ela não cai nunca, tal era a confiança nas obras de pessoa tão competente e prática, mesmo não sendo Técnico em Construções ou Engenheiro Civil. Em 1951 foi eleito vereador pelo PSD. O mesmo pediu ao Prefeito Mário Nascimento que providenciasse o pouso de um avião em São João da Serra Negra, para o povo conhecer o notável e revolucionário invento do mineiro Alberto Santos Dumont. O Prefeito disse sim, só havia um problema – não havia campo de pouso. Tufim voltou ao povoado, e junto de João Cachoeira e companheiros, prepararam o local para a descida de dois teco-tecos. O primeiro pousou bem, sem problemas. O segundo bateu em uma árvore e caiu de bico, felizmente não causando nada de grave ao piloto. A pequena aeronave ficou bastante tempo em São João até ser consertada e retirada.
O Cemitério Municipal foi construído em 1952 sendo Graciano Guimarães, um dos seus idealizadores, o primeiro “freguês”. A comunicação com Patrocínio era feita pela jardineira (antigo ônibus da década de 1950) de José Bento, de Guimarânia. O povoado é elevado a vila e criado o Distrito em 1954, ano do suicídio do Presidente Getúlio Dorneles Vargas. A fundação da Vila Vicentina se deve ao trabalho do confrade Sebastião Rogério, que junto com Albino Chagas, tiveram a iniciativa de construírem a Vila Vicentina para amparar viúvas e pessoas idosas. O Sr. Rogério, depois de mudar-se para Patrocínio, trabalhou também no Asilo São Vicente de Paula. A rede hidráulica foi instalada em 1959, na administração de Enéias Aguiar, que também instalou o Posto do Correio em 1961. A construção da Pinguela de Arame, também obra de Tufim em 1962, obra do Prefeito Mario Nascimento. “Em 1976, foi totalmente reformada, permitindo a passagem de motos e bicicletas. Continua majestosa até hoje, facilitando a vida de muitos moradores de ambas as margens do Rio Espírito Santo”. O primeiro telefone público foi instalado

em 1963. Em 1993 foi instalado o telefone fixo pela TELEMIG. A rede elétrica instalada, pelo Sr. Tufim em 1947, foi melhorada na gestão do Prefeito Mário Nascimento, através de uma cooperativa em que participaram 10 fazendeiros entre os quais o Dr. Valter Nunes, querido Clínico Geral da Santa Casa de Misericórdia de Patrocínio. O serviço foi inaugurado em 1966.
Entre as belezas naturais de São João são apresentadas as Cachoeiras dos Borges, da Terra, Água Limpa, José Pedro e do Córrego Feio. Faz referências elogiosas também à Estância Hidromineral Hotel Serra Negra, que atualmente se encontra abandonada e pede socorro. Com a chegada da Fosfértil e Galvani certamente será reativada para, orgulho da “Capital do Café do Cerrado” e que muito contribuirá para o progresso do turismo no Alto Paranaíba.
Entre os usos e costumes faz-se referência ao congado, festa de São João Batista, cavalgada e folia de reis.
A Festa Regional da Cebola teve a sua primeira realização em 1971, sendo Maria Marques a Rainha. Em 1997 foi realizada a última festa quando Alessandra foi coroada.
Na área de educação apresenta biografias dos seguintes professores(as): João Cachoeira, Rufina dos Reis, Irondina dos Anjos, Missilena Ribeiro, Celuta de Oliveira, Maria Rosa, Almira Alves, Dulcinea da Silveira, Orfelina da Silveira, Adenita Guimarães, Maria Santos, Celima Amaral, Elza Nunes e Vanderlei Peres.
Como ex alunos destaques de São João cita: Dr. Edahir Gonçalves, Dr. Tarciso de Paula, Dr. José Ferreira, Prof. Sebastião Salvino, Pe. Valdinei Pinheiro e José Pinheiro, Rev. Salomão e Saulo Pinheiro e Pastor Samuel de Oliveira.
Entre os poetas cita Jonas Cachoeira, Genir dos Reis e Samuel da Silva, com seu belíssimo poema, uma verdadeira jóia “A história de São João da Serra Negra – o que o nosso distrito produz” e Zeca Benedito. Entre os contadores de histórias e causos e bom orador cita o finado José Graciano.
Na área política cito, resumidamente, entre os antigos e atuais, as seguintes personalidades: Tufim, Samuel Pinheiro, João do Mané, Joel do Sindicato, Santinho e Maurício Roza. No Conselho de Desenvolvimento Comunitário Ordilei Magalhães, atual presidente.

Prof.ª Geralda – you really did a very good work! Congratulations! Now a new challenge for you – to write the history of Guimarânia and Cruzeiro da Fortaleza. I’ll send you my Curriculum Mercosur (en Castellano). I’d like to have yours. Hasta La vista, felicitaciones!
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*Professor e Fazendeiro – bragarur@hotmail.com – (34)3832-4406 e 9144-7910.

Publicado Folha de Patrocínio – 06/mar/10

Lena Oliveira – COOPA, PTC
Engº Braga – O resumo ficou fiel ao texto. Achei muito bom. Acredito que vale a pena ser publicado nos jornais locais para que mais pessoas possam conhecer sobre a história de São João e a história de Patrocínio. Parabéns.


Poeta Honorico de Souza (Toco)
Prof. Braga – É com prazer que aprovo esse belo resumo sobre São João da Serra Negra.

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