terça-feira, 22 de junho de 2010

NO MEIO DO CAMINHO


As mulheres ganharam espaço e impuseram respeito em áreas jamais imaginadas. E agora?


Fabiana Schoqui*



As antigas “donas de casa”, que esquentavam o avental no fogão e esfriavam no tanque, ainda existem. Mas será que elas se mantem na mesma posição submissa de antigamente? Certamente não. “As mulheres tiveram várias conquistas na últimas décadas, mas as mais importantes são o direito ao trabalho e à livre expressão da sexualidade, bem como a opção ou não pela maternidade”, esclarece a assistente social Mirian Faury, pesquisadora que atua na questão da violência contra a mulher.
O Dia Internacional da Mulher, adotado pelas Nações Unidas em 1975 e comemorado em 8 de março, originou-se a partir das manifestações femininas em busca de conquistas sociais, políticas e econômicas, entre elas melhores condições de trabalho e direito de votar. Desde o movimento feminista, que marcou inúmeras transformações na sociedade da década de 1960, o “sexo frágil” vem galgando novas posições profissionais, igualdade de salários e respeito pela figura feminina. A própria definição do feminismo é o movimento social que luta pela extensão dos direitos sociais às mulheres. “Ora, se um movimento luta pela extensão de direitos, é porque eles não existem para algumas pessoas”, argumenta a pesquisadora. A chegada da pílula anticoncepcional, em 1960, também foi um grande acontecimento, assim como as informações que chegavam das exiladas na época da ditadura militar. Elas descobriram o movimento das mulheres em todo o mundo e passaram a incentivar as que aqui ficaram. Era a libertação feminina!

O outro lado – Os anos se passaram e muitas mulheres fizeram historia no Brasil e no mundo. Algumas ocuparam posições de destaque na política, chegaram ao topo das suas carreiras profissionais, e outras foram reconhecidas por sua atuação no esporte, na medicina, na religião. Maria da Penha conquistou mais do que a punição do ex-marido que a agrediu: hoje ela dá nome à lei que aumentou o rigor das punições para agressões contra a mulher no âmbito doméstico e familiar. Uma conquista de tirar o chapéu.
Mas ainda falta muito a ser feito. Hoje, 27% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres e, coincidentemente, são as famílias mais vulneráveis e em condições de pobreza. No mundo, ainda existem milhares de mulheres obrigadas a usar burcas para não mostrar o corpo – principalmente nos países de origem árabe – ou que são fisicamente mutiladas em nome da religião ou então da honra. A mutilação genital é praticada em 28 países da África e dois do Oriente Médio, dados considerados lastimáveis e inimagináveis em pleno século XXI.

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*Homenagem de Zenaide Braga às corajosas e calientes mulheres de todo o mundo.


Publicado Folha de Patrocínio – 20/fev/10

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