sexta-feira, 18 de junho de 2010

PAU-BRASIL

Engº Agrº Braga*


Botânica - o pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam), da família das Leguminosas (plantas que tem vagem ou legume), como o pau-ferro e a sibipiruna, também é conhecido por ibirabitanga, pau-rosado, pau-de-pernambuco, pau-de-tinta, palo-brasil (Castellano), bois de Brésil (Français), brazilwood ou pernambuco wood (English).
É uma planta espinhenta que pode alcançar 30 m de altura, diâmetro até 70 cm, folhas compostas bipinadas de 10 a 15 cm de comprimento. Madeira muito pesada, dura, compacta, muito resistente à umidade. Ocorre desde o Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro (Angra dos Reis), na Mata Atlântica, especialmente no sul da Bahia. Planta semidecídua, heliófita, geralmente em terrenos secos. É típico da floresta primária densa. Frondosa e de crescimento lento, flores pequenas e amarelas, vermelhas no centro, desabrochando de set a dez. Espinhos esparsos no tronco, nos galhos e junto aos pecíolo das folhas. O tronco tem uma cor marrom – avermelhada característico.
Principais usos - arcos de violinos, construção civil e naval (antigamente) e trabalhos de tornearia. Seu principal uso residia na produção de “brasileína”, corante extraído do lenho e muito usado para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever. Muito usado para fins paisagísticos, especialmente em praças, avenidas e parques pelo seu belo porte.
Histórico - a exploração intensa gerou muita riqueza à Portugal e caracterizou um ciclo ou período econômico que estimulou o nome de “Brasil” à nova terra achada e aposseada pela Coroa Portuguesa. Em vez de sermos “brasilianos” passamos a ser “brasileiros” e a nova terra ficou conhecida por Brasil, pois todos que trabalhavam ou comercializavam com o pau – brasil ou pau-de-tinta eram conhecidos por brasileiros. Os europeus vinham para o oeste como brasileiros para “fazer o Brasil”, como recentemente vinham para o Novo Continente fazer a América (Estados Unidos). Já era explorado por piratas e corsários antes da viagem de posse de Pedro Álvares Cabral (22 de abril de 1500). Dentre os mais de 190 países atualmente existentes no Planeta Água, digo Planeta Terra, o Brasil é o único que tem o nome de uma árvore.
É uma espécie quase em extinção pela sua extração predatória e destruição de seu habitat natural. Atualmente o pau-brasil é raro no litoral pela ganância ilimitada de portugueses e piratas e corsários da França, Espanha, Holanda, etc, em mais de 3 séculos de exploração. Nos séculos XVII e XVIII teve destaque no comércio internacional. Foi constatado pelo florentino Américo Vespúcio no Nordeste do Brasil em 1501. O pau-brasil era a única fonte de renda do BR, antes do ciclo da cana-de-açúcar e minerais (pedras preciosas). O tráfico por espanhóis e franceses estimulou o governo português a estabelecer as capitanias hereditárias, e o monopólio sobre a espécie em 1532. O monopólio estatal durou até 1859. Também contribuiu para dizimar o pau-brasil a invasão da Holanda no nordeste do Brasil (em guerra com a Espanha) e as incursões francesas no litoral fluminense (Cabo Frio).
Cito, à seguir, alguns locais onde encontrei o pau-brasil: Cidade Turística de Echuca, Condado de Campespe, Estado de Victoria, Austrália, em um viveiro de mudas para arborização nas proximidades do Centro Turístico e do City Hall (Prefeitura). Preço bastante razoável de apenas A$5.00 (five australian dollars) por muda, de 1 m de altura. Mesmo preço para o Ironwood (pau-ferro). CEPLAC, Itabuna, sul da BA. Convento Franciscano em Agudos, SP. Cidade de Deus, Osasco, matriz do Bradesco, plantado pelo autor na Semana da Árvore em 1969 quando era Engº Agrº Reflorestador das Organizações Bradesco e Prof. de Agricultura na Fundação Bradesco. Parque de Água Branca, na Av. Francisco Matarazzo, Perdizes, SAO. Sede da TV Globo, Brooklin Paulista, SAO, conforme mostrado no Globo Rural da mesma emissora. No Jardim Botânico e no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Na bela e bem arborizada Escola Honorato Borges, em Patrocínio. Em Arinos, MG, na Praça da Matriz, plantado nas comemorações dos 500 anos do Brasil, and last, but not the least, a presença de tão importante símbolo de brasilidade na Prefeitura de Patrocínio. A muda foi plantada no V centenário do Brasil, mas morreu e foi replantada recentemente, merecendo portanto nosso aplauso.
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*Magister Scientiae (MS), Universidade Federal de Viçosa, Conveniado COOPA, (34)3832-4406 – PTC 21/set/09.

From: Enciclopédia de Plantas Brasileiras (Ed. Três), Harri Lorenzi_Árvores Brasileiras, Vol. 01, Nova Enciclopédia Barsa, 1999 e Pedro Calmon, História do Brasil, Vol. 1.

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