sexta-feira, 5 de junho de 2009

EUCALIPTOS E MST

Geraldo R. Braga*

Só podia ser mesmo mais uma ação violenta do MST através de sua “Via Campesina”, o absurdo ataque e destruição do laboratório de pesquisas florestais e do viveiro de mudas de eucaliptos da Aracruz Celulose (empresa brasileira), no RS. Com perdas de 1 milhão de mudas e prejuízos de milhões de dólares, essa violência em nada contribui para o desenvolvimento de região e atração de novos investimentos para o Brasil.
Segundo a ABRAF, ABTCP, BRACELPA e SBS, o setor brasileiro de celulose e papel gera mais de 100.000 empregos diretos, recolheu R$2 bilhões em impostos em 2005 e deverá fazer investimentos superiores a US$ 14 bilhões no período 2003 a 2012.
Como se sabe o MST é ilegal (não existe juridicamente), é impatriótico e apátrida (não tem pátria, pois está ligado ao comunismo internacional mais reacionário, mais retrógrado), é violento, não quer a paz no campo (pelo contrário, prega a revolução comunista armada como forma de tomada do poder), e não quer a reforma agrária e sim subsídios agrícolas, cestas básicas, bolsas família, terras de graça, empréstimos a fundo perdido (juros zero), e outras formas de “mamar” de graça à custa da sociedade democrática , trabalhadora e que paga impostos, taxas e contribuições.
A mídia deveria esquecer o líder do MST, Sr. JPS (melhor se fosse GPS), que se diz economista, mas certamente nada entende de eucaliptos e do agronegócio, o sustentáculo de nossa balança comercial. Você, caro leitor, vestiu-se, alimentou-se e bebeu hoje? Agradeça aos fazendeiros e ao agronegócio, não ao MST, que tanto tem atrapalhado a nós, que produzimos, geramos empregos e sustentamos a nação (não somos parasitas). Também causa grande estrago em nossa imagem no exterior, a repetição diária e ao vivo das invasões, queima de pastos, destruição de plantios e estações de

Protocolo 6164-IBAMA – 24/ABR/06
740/06 – IEF –30/JUN/03

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*Engº Agrº Reflorestador, Economista Rural (MS)

pesquisas agroflorestais, máquinas, veículos, equipamentos, cercas e construções, bloqueio de estradas, pontes, pedágios, invasão de prédios públicos e bancos, pela “Globo News”, de Nova York (USA). Os equatorianos e outros povos tem muita admiração e desejo de conhecer o BR, mas tem medo de virem. Em Quito, em importante região com técnicos do Banco Central, fomos questionados se o BR estava em guerra total como o Iraque ou em guerra civil como a Colômbia. Respondemos que o BR estava em paz. Eles disseram “mas a Globo mostra todo o dia as invasões do MST”.
O Latifúndio Produtivo, Grande Propriedade Produtiva ou Empresa Rural (Plantation ou Plantación), é que produz bem, com técnicas ecologicamente corretas, com respeito aos recursos naturais renováveis, barato e em grande quantidade para abastecer o mercado interno e exportação, não a agricultura de cabo de enxada, de fundo de quintal , proposta pelo MST. Onde está a produção agropecuária e florestal do MST? Que resultados tem para apresentar à sociedade depois de décadas de distúrbios, invasões e bagunças injustificáveis, mesmo consumido milhões de dólares que seriam melhor empregados, no reflorestamento por exemplo, conforme nosso artigo “Reforma Agrária e MST ” editado no “Painel dos Leitores”, da Folha de São Paulo, 23/ago/04. Os incentivos fiscais ao reflorestamento, ao tempo da tão boa e oportuna Lei 5.106/66 e DL. 1134/70 geraram muitos empregos, fixaram a mão-de –obra desqualificada no meio rural e seus bons resultados são sentidos até hoje (o jornal ou livro que você está lendo certamente é feito de eucalipto, você sabia?).
O que sabe o MST, a Via Campesina e os “stédiles” da vida, massa de manobra analfabeta, despreparada, sem experiência, sobre genética, transgenia, OGMs, biotecnologia, agroecologia, hibridação, seleção natural, agronegócio, recursos naturais renováveis, efeito estufa, APP, RL, APA, RPPN, ADA,ARIE, EIA-RIMA, evolução (the struggle for life), mata ciliar, GPS, georreferenciamento, reflorestamento, eucaliptocultura, etc?
Em relação aos eucaliptos, as árvores dos frutos de ouro, nada se perde, tudo se aproveita, inclusive o cheiro (citronelal).Imitando Kalil Gibran I’d like to say that os eucaliptos são um poema que a terra
escreve para o céu.Com aproximadamente 660 espécies, inclusive híbridos, o eucalipto, originário da Austrália, se adaptou perfeitamente bem no Brasil, em todos as latitudes e longitudes (Gracias a Dios e no a el MST).
Com nosso conhecimento de 42 países nos 5 continentes, prática e responsabilidade de 40 anos como Engº Agrº Reflorestador, com 50.000.000 de árvores especialmente eucaliptos, pinheiros, essências nativas, frutíferas, de arborização e ornamentais plantadas, cultivadas, manejadas, colhidas e exportadas, desde o Norte de Minas até o Litoral Sul de Santa Catarina, afirmamos que florestas homogêneas de eucaliptos não são um crime ambiental como quer o MST(crime ambiental são as favelas rurais nas matas ciliares e beira de rios, incêndios nos pastos e canaviais, derrubadas de reflorestamentos, destruição das matas ciliares e desmatamento nos assentamentos do MST, a Operação OPTei na Amazônia Legal etc). Plantações de acácias (leguminosas enriquecem o solo, fixando o nitrogênio atmosférico em suas raízes), eucaliptos e Pinus não destroem a biodiversidade, não deterioram os solos, não secam os rios. Tivesse um mínimo de educação ambiental, o Sr. JPS saberia que esses mitos não tem nenhum fundamento científico. A Via Campesina deveria visitar o melhor museu do eucalipto do mundo. Onde? Austrália? Não, no Horto Florestal Navarro de Andrade em Rio Claro, SP, orgulho da nossa avançada silvicultura. Veja também os exuberantes eucaliptos centenários, plantados pelo saudoso Engº Agrº Navarro de Andrade, pai de nossa eucaliptocultura, por volta de 1904.
Em reunião com os reflorestadores no Jardim Botânico de Canberra (Australian Capital Territory), eles ficaram admirados e demostraram grande interesse em visitar o BR ao saber de nosso adiantado nível tecnológico em eucaliptocultura, alta produtividade e grandes projetos de plantios anuais.
Na Austrália, pátria dos eucaliptos ou Australian Mahogany, onde estivemos estudando sua ecologia e utilização florestal nos Estados de New South Wales, Canberra (ACT) e Victory, esta mirtácea é a espécie predominante com ocorrência inclusive nos desertos. Praticamente é a única madeira utilizada em todo o país, por exemplo no ancoradouro do grande porto de Sydney. Há ocorrência de inúmeros animais nos eucaliptais, basta citar os símbolos da Austrália, os koalas (só se alimentam de folhas de eucaliptos), os cangurus, e os emus (aves pernaltas semelhantes a nossa ema) , diversas aves como pode ser visto em Sydney, Melbourne, Echuca, Moama, Vaca Vaca, Canberra, etc. As matas ciliares em Echuca e Moama (margens direita e esquerda do Murray River), são formadas com aproximadamente 95% de eucaliptos, casuarinas e outras espécies. Para quem quiser ver, o rio está lá (não está seco), sendo usado até hoje para a navegação turística. Junto ao Centro de Informações Turísticas há alguns exemplares lindíssimos, mais velhos que o BR, com diâmetros de até 200 cm. É a região do melhor E.camaldulensis, de madeira dura semelhante ao nosso jacarandá-da-bahia, usado para móveis finos, cutelaria, artesanato, etc.
Como as raízes dos eucaliptos crescem rápido, tem a capacidade de se aprofundarem rapidamente no solo à procura do lençol freático, e, assim sobreviverem no período crítico de 3 a 4 meses após o plantio. Veja porque se adaptaram tão bem aos cerrados brasileiros, savanas na África do Sul, solos fracos e rasos na Espanha, Portugal, Peru, Chile, Bolívia, etc.
Os eucaliptos causam desertos? Não, os desertos foram formados primeiro e depois, pela seleção natural, os eucaliptos se adaptaram à regiões desérticas, secas, de solos rasos, pedregosos, inférteis, encharcados, etc.
Como os cerrados e savanas são regiões planas, sofreram intensa lixiviação por milhões de anos, perdendo sua riqueza mineral para as camadas profundas ou para o subsolo. Os eucaliptos, com suas raízes de crescimento rápido e profundo, sugam para suas folhas esses minerais, e com a sua morte e decomposição, enriquecem os solos fazendo a cobertura morta (mulch), evitando a erosão hídrica e eólica, diminuindo a insolação direta e o endurecimento da camada superficial, e também a temperatura ambiente. Por isso, e por uma série de outras vantagens, os eucaliptos são recomendados e fomentados pela FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), para contenção de dunas, encostas, reflorestamentos em áreas degradadas, pisoteadas, íngremes, solos rasos ou com pouca precipitação ( África Sub Saariana por exemplo).
Os grandes plantios homogêneos devem ser intercalados com as Matas Ciliares e Áreas de Reserva Legal (essências nativas), mínimo de 20% em cada propriedade. Visite a Klabin do Paraná, em Telêmaco Borba, a Votorantim Celulose e Papel em Capão Bonito e Luiz Antônio, SP(Engº Antônio Ermírio de Moraes) e Irmãos Meneguetti em São João do Paraíso (MG), e veja o excelente nível silvicultural, de empregos e de organização destas empresas brasileiras. Deserto verde? Não, pelo contrário, um jardim perfumado pelo agradável e medicinal aroma da essência do Eucalyptus citriodora por exemplo.
O Brasil tem 3.000.000 de hectares de eucaliptais, da Amazônia ao Rio Grande do Sul. É uma espécie de rápido crescimento, permitindo 3 colheitas ou cortes rasos em apenas 20 anos, com a
excepcional produção de até 60st/ha/ano o que chega a ser 4 a 5 vezes mais que os reflorestamentos de pináceas nos países temperados do Norte. Temos insolação, clima ameno, permitindo crescimento o ano todo, grandes áreas de terras planas e baratas e vamos nos tornar em breve um dos maiores reflorestadores mundiais, especialmente com eucaliptos, queira ou não a Via Campesina e o MST. Deus nos salve destas pragas, porque das saúvas e incêndios florestais nos livramos nós.
Segundo o Dr. Carlos Young (UFRJ), citado por Celso Ming, Estadão de 16/03/06, o eucalipto não causa prejuízo ambiental maior que o provocado por qualquer outra monocultura como pastagens, café, trigo, soja ou cana. Também, segundo o Engº Agrº Walter Lima, da ESALQ (USP), citado por Agnaldo Brito, Estadão de 26/03/06, o eucalipto não esgota os recursos hídricos. Com o consumo de apenas 5 litros de água/m²/ árvore no verão, e de 1,2 litros no inverno, os eucaliptos seriam facilmente suplantados no consumo d’água pelos reflorestamentos com aroeira, baru, cabreúva, canelas, jacarandá, jacaré, jatobá, jequitibá, ipês, pau-brasil, pau-ferro, vinhático, etc, se plantados na densidade de 1.670 a 2.220 árvores/ha, como normalmente ocorre com os eucaliptos. O problema, se existisse, seria devido a grande quantidade de árvores por hectare, não a espécie em si.
O Prof. Maison da Nóbrega, Estadão de 26/03/06, em magistral artigo sobre “ A Ignorância de Stédile”, o chama de ludita e afirma, com a sua responsabilidade de Ex Ministro, que a ideologia e a ignorância
continuam a ser más conselheiras do MST.

Apiaí (SP), Março Verde/06


Autorizo a publicação no todo
ou em partes, desde que citado
o autor. CREA 5.406/D-MG
Publicado no Jornal Tabu,
Canavieiras, BA, 1ª quis/ago/06 (34) 3832-4406

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