sexta-feira, 5 de junho de 2009

ARINOS ECOLOGIA

Geraldo R. Braga*

Sombreamento e Cobertura do Solo - de acordo com o Prof. Samuel Branco - O Desafio Amazônico, 16ª Ed., Coleção Polêmica, pág. 53, a eliminação da sombra faz com que haja um excessivo aumento da temperatura dos solos. Esse aumento causa não só a rápida destruição do húmus e da flora de fungos e de outros microorganismos que são indispensáveis à fertilização do solo, como pode aumentar muito a evaporação direta, causando a subida, por capilaridade, da umidade das regiões mais profundas do solo, carregados de sais de ferro em solução. Esses sais de ferro, ao secarem, se depositam, originando o fenômeno de laterização ou formação de verdadeiros “ladrilhos”, impermeáveis, de terra aglutinada por sais de ferro.
A impermeabilização causada seja pela laterização, seja pela perda de húmus (que é o elemento gelatinoso formador de grumus que dão ao solo uma textura mais “arejada”), faz com que haja redução da infiltração da água, com significativa elevação da parcela que escorre na forma de escoamento superficial. O aumento dessas águas de enxurradas se traduz, por outro lado, em aumento do transporte de solo arenoso para as regiões mais baixas e para os cursos d’água, formando grandes depósitos de areia branca, os areais, e entulhando ou assoreando os rios. Essa desagregação e transporte de solo é facilitada, por um lado pela ausência de árvores que interceptam as gotas de chuva, diminuindo o impacto explosivo das gotas sobre o chão; por outro lado, pela própria ausência de húmus, material gelatinoso que normalmente retém os grãos de areia, dificultando seu deslocamento.
Em vista do exposto se vê a importância da cobertura viva ou morta e sombreamento de solo. No período das chuvas deixar o “mato” crescer na Av. Aristóteles Fernando Valadares podendo ser roçado mecanicamente, mas deixando-o sobre o solo, evitando erosão hídrica. No período seco, as árvores poderão ser coroadas ou capinadas até a sua saia, também deixando a cobertura morta no próprio local.
Para a infiltração das águas de chuva no solo, esclarecer a população arinense para não calçar os quintais e mantê-los sempre plantados, _______________
*Engº. Agr°. (MS) e Técnico em Transações Imobiliárias
especialmente com árvores frutíferas ou de sombra. Também evitar as queimadas (poluição) e aproveitar todos os restos orgânicos para fazer composto ou adubo orgânico.
Parabenizo ao Posto Vitória e aos formadores do bosque de nativas atrás da rodoviária. Certamente os estudantes de Arinos vão cuidar muito bem destes arboretos mantendo-os limpos e bem conservados (locais para passeios e entretenimentos). Também merecem ser visitados e fotografados o viveiro florestal nos fundos do Fórum e o viveiro do IEF na saída para o campo de aviação.

Poda de Árvores - Arinos é muito quente e a poda das árvores nas avenidas e ruas está sendo feita muito drástica, acabando com as poucas sombras existentes. Uma poda de limpeza ou formação, mais baixa, seria bem melhor. Os Engº. Florestais/agrônomos e Técnicos Agrícolas do município poderiam orientar tecnicamente esses serviços. As árvores nativas do cerrado, existentes na praça da matriz, foram totalmente derrubadas, como se fossem inimigas. Onde se encontravam os amigos da natureza e ecologistas de Arinos? Como exemplo de cidades com boa arborização e sombreamento cito Beijing (Capital da China Comunista), Canberra (Australian Capital Territory), Budapeste (Hungria), Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), Curvelo (MG) e CWI-PR (the brazilian ecological capital). Santa Cruz de la Sierra, a mais rica e dinâmica capital da Bolívia, está com um crescimento explosivo, e sua expansão urbana já está no 4º anillo (anel), mas a vegetação nativa (árvores dominantes), é mantida em todos os lugares, dando exemplo a Arinos e ao Brasil.

Grafia de Nomes Científicos- a língua oficial para nomes científicos é o latim, sendo o gênero e a espécie sublinhados por traços separados ou escritos em itálico. Por exemplo Homo sapiens (a espécie humana atual). A primeira letra da espécie é em minúscula. Por exemplo H. sapiens. No caso de espécie indeterminada escrever sp, no singular, sem sublinhar. Por exemplo Phaseolus sp (feijoeiro comum). Os nomes vulgares, compostos, deverão ser ligados por hifem, exemplo, ipê-roxo: Tabebuia impetiginosa Mart., eucalípto-citriodora ou eucalipto-cheiroso: Eucalyptus citriodora Hook. Os nomes comuns variam de região para região. Os ipês-amarelos são conhecidos na Bolívia como “los tajibos”, nome do mais famoso hotel-cassino da Bolívia, em Santa Cruz de la Sierra. O pau-ferro é o Iron-wood, no Estado de Victoria, Austrália. Em todo o mundo é o famoso Caesalpinea ferrea Mart. O pau-brasil ou Brazilian wood é a Caesalpinea echinata Lam. A cássia-imperial ou chuva-de-ouro é a Cassia fistula L.

Árvores Imunes de Corte ou Derrubada- árvores raras ou de excepcional beleza ou de valor histórico poderão ser declaradas imunes de corte, pelo legislativo municipal, de acordo com a legislação do IBAMA. A gameleira ou figueira (Ficus sp-Moracea) e o jatobá (Hymenaea stilbocarpa Hayne), junto à margem do Rio Urucuia, na antiga travessia da balsa poderiam ser declarado imunes de corte. Apesar de estar com o caule muito estragado pela população, o pau-óleo ou óleo-de-copaíba (Copaifera langsdorffii Desv.), no final da Rua Minas Gerais, próximo a Estação de Tratamento de Esgotos, também poderia ser incluído na proteção da lei. Idem o araribá em frente ao Hospital Nª. Srª. Aparecida, próximo à Estação Meteorológica. Exemplos de árvores já protegidas: um belíssimo exemplar de latifoliada (evergreen), plantado pelo Imperador da China na Shaman Island (ilha central de Cantão), por volta do ano de 1.500. Uma velha figueira-branca (Ficus sp), na antiga Freguesia de Sant’Ana da Paraíba Nova, atual Areias,SP, onde em 17/ago/1822 passou o Príncipe Regente Dom Pedro I e sua comitiva rumo ao Ipiranga, em sua histórica viagem da independência do Brasil.

Áreas de Preservação Permanente (APP) - “Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas”.
Em Arinos as APP se localizam:
a) Ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, cuja faixa de vegetação terá uma largura, para cada margem, de:
30m (trinta metros) para cursos d’água com menos de 10m (dez metros) de largura. É o caso da Vereda da Vaca em cuja barra ou foz se deu a fundação do povoado e da vila, atual cidade de Arinos.
50m (cinqüenta metros) para cursos d’água que tenham uma largura entre 10 e 50m. Caso do Rio Urucuia, do famoso escritor mineiro Guimarães Rosa. Arinos situa-se à margem esquerda do Urucuia e a APP está sendo invadida por casas de pescadores e de recreio.
b) Ao redor das lagoas ou reservatórios d’água naturais ou artificiais: (represa do bairro Crispim).
c) Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos olhos d’água – raio mínimo de 50m de largura; caso da nascente da Vereda da Vaca, atualmente ocupada por pastagens (gado de leite).
d) No topo dos morros, montes, montanhas e serras;
e) Nas encostas ou parte destas com declividade acima de 45°,
correspondente à pelo menos 100% de declividade na linha de maior declive.
A comunidade, especialmente da Vila da Igrejinha, deveria lutar para a conservação das APP no Ribeirão de Areia, nos Córregos Santa Maria, Extrema, do Menino, da Onça, Caçador, Morrinhos, Garimpeiro, Galho Preto e Invernada e nas inúmeras veredas da Fazenda do Menino. Também é hora de se pensar na formação de um Parque Estadual ou Área de Relevante Interesse Ecológico ou APA (Área de Preservação Ambiental) nas nascentes do Ribeirão de Areia, nas divisas com os municípios de Chapada Gaúcha e Urucuia.
A utilização das APP depende sempre de autorização prévia do IEF e sua exploração constitui crime ambiental.

Reserva Legal (RL) - “Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas”.
Em MG a RL é de no mínimo 20% da área total da gleba, excluída as APP. Deve ser feita em glebas a partir de 100 ha (cem hectares). Processo bom, útil, necessário e que também reduz bastante o ITR (Imposto Territorial Rural) a ser pago anualmente.
A área de RL deve ser averbada à margem da matrícula no CRI, sendo vedada a alteração de sua destinação nos casos de transmissão, a qualquer título. É um processo bastante burocrático, caro, demorado e difícil. As autoridades do setor ecológico/ambiental deveriam simplificar bastante o processo tornando- o menos burocrático, mais simples, mais rápido, com menos documentos e declarações. Para que exigir declaração do Sindicado Rural em processos de R.L.? Também para que concordância dos vizinhos em pedidos de desmatamento do IEF? Porque um processo que pode ser feito em uma ou duas semanas demora de seis a doze meses ou mais? Consulte-nos para processos de RL inclusive em glebas de posses ou terras devolutas.
Nas áreas de RL não é permitido o corte raso e a exploração com fins comerciais. A vegetação não pode ser suprimida, podendo ser utilizada sob o regime de manejo florestal sustentável, à critério do IEF.
O Sr. Júlio Barbosa vem aplicando esses conhecimentos em nossas fazendas Santo Expedito e Córrego da Onça no Distrito da Igrejinha, em Arinos-MG.


Autorizo a publicação e divulgação.


Patrocínio, ago/07

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